PL 29 – Canais evangélicos podem ser retirados da TV
O PL 29/2007, que altera as regras de TV por assinatura e cria uma  política de fomento para o conteúdo nacional, continua um foco constante  de polêmicas. A mais recente crise em torno da proposta partiu de um  argumento colocado pela Sky, que teria procurado a bancada evangélica da  Câmara dos Deputados, uma das de maior peso nas negociações  parlamentares, e ponderado que, se aprovado o regime de cotas previsto  no PL 29, os canais religiosos corriam o risco de ser retirados de sua  programação.
 O argumento já havia sido colocado em outros momentos, por vários  players. Ao longo desses três anos de tramitação, executivos das TVs  pagas mais de uma vez citaram a exclusão de canais como um “efeito  colateral” do regime de cotas para o fomento do conteúdo nacional. A  tese é simples: se for preciso abrir espaço a mais canais nacionais, o  espaço dos canais religiosos será reduzido.
A diferença é que, desta vez, o apelo surtiu efeito. Deputados da  bancada evangélica recorreram ao relator do projeto na Comissão de  Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Eduardo Cunha  (PMDB/RJ), mostrando sua preocupação com a possível exclusão dos canais.  E Cunha, que também é evangélico, sensibilizou-se imediatamente.
Vale notar que alguns desses canais religiosos (assim como alguns  canais de televenda) inclusive pagam para ser distribuídos na TV paga, e  as operadoras os incluem nos pacotes como “cortesia” ao assinante,  deixando claro que eles podem sair sem aviso prévio.
Mudança no conceito
A partir daí, o deputado-relator começou a considerar a hipótese de  incluir os programas religiosos no conceito de “conteúdo qualificado”,  entendendo assim que isso poderia blindar a retirada dos canais, pois  este conteúdo poderia ser considerado no cálculo das cotas nacionais. Na  proposta em análise, o conteúdo qualificado (onde se aplicam as cotas  de fomento) é toda a produção audiovisual com perfil de dramaturgia,  excluindo os programas de auditório, conteúdos jornalísticos e  religiosos.
Ironicamente, o entendimento dos relatores que sucederam Cunha é que a  exclusão desses conteúdos do conceito de “qualificado” servia  justamente para protegê-los do cumprimento das cotas. A  ideia agora seria o relator  Eduardo Cunha suprimir as exceções do conceito, incluindo  permanentemente os programas religiosos como “qualificados”.
O assunto, no entanto, ainda não está concluído. O relator ainda não  apresentou a nova emenda alterando o conceito e há dúvidas na Câmara dos  Deputados se essa alteração não pode ser considerada “de mérito”, o que  não é permitido na CCJ. Nessa comissão, só podem ser feitas mudanças na  estrutura do texto caso fique comprovado que a proposta, como está, é  inconstitucional ou ilegal.
Articulações
Segundo fontes parlamentares, o tema ainda está sendo discutido e um  acordo não está descartado. A confusão em torno dos canais religiosos se  confunde com outra polêmica nascida na CCJ. Cunha apresentou quatro  emendas saneadoras, que suprimem parágrafos das disposições finais e  transitórias do projeto, mais especificamente retirando o regime  especial de transição das licenças do Serviço Especial de TV por  Assinatura (TVA).
Essa exclusão proposta pelo relator desagradou vários grupos de mídia  que detém essas licenças, valorizadas nos últimos tempos por conta da  digitalização da TV aberta. Anatel e Ministério das Comunicações estudam  adaptar as TVAs para permitir a veiculação de TV móvel em equipamentos  portáteis. A Anatel chegou a aprovar a adaptação das antigas concessões  de TVA para novas autorizações há duas semanas, como uma espécie de “ato  de boa fé” para que a transição especial fosse mantida no PL 29. Mas,  até o momento, o parecer de Cunha permanece sem alterações, ou seja, com  as quatro exclusões propostas.
As pressões em torno do projeto envolvem também a possibilidade de  apresentação de um recurso para que a proposta passe por votação em  Plenário. Essa estratégia é considerada como um “golpe de morte” no PL  29, já que, envolto em polêmicas, a aprovação rápida do projeto pelo  pleno é praticamente impossível. A mesma empresa que procurou os  deputados da bancada evangélica estaria articulando o recolhimento das  assinaturas necessárias para a apresentação do recurso, segundo  interlocutores. Assim, se a polêmica em torno dos canais religiosos não  for superada, a bancada evangélica pode tornar-se um bom alicerce para  um futuro envio do PL 29 para o Plenário.
Fonte: Teça Viva / HD News

















