Revista Isto É mostra a polêmica pregação de pastora da Igreja Bola de Neve: “Jesus levou os discípulos pra balada”
 Jesus Cristo era um personagem vip. Tinha um temperamento tão  agradável que na primeira vez  que encontrou seus discípulos os convidou para ir à balada. Mesmo no  meio de bêbados e mulheres marginalizadas, o filho de Deus mantinha seus  princípios. Continuaria comportado ainda que se deparasse numa festa  com a desregrada Maria Madalena, de copo na mão, dizendo: “E aí, Jesus,  você vem sempre aqui? Shake your body! (mexa seu corpo!)”
Essa leitura sui generis da  passagem do Filho de Deus pela  Terra pode parecer uma blasfêmia para a maioria das pessoas, mas tem  sido a pedra fundamental do discurso de evangelização da  pastora Priscila Mastrorosa,  36 anos, da igreja Bola de Neve. É com essa linha de pregação  que ela arrebanhou os mais de 1.200 fiéis que frequentam seu templo  localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Não por acaso, ela  fala a língua deles. A grande maioria dos presentes nos cultos é de  jovens com jeito de surfista, cabelo rastafári, bermudões e tatuagens.  Algumas vezes, a pregação de Priscila é interrompida por gargalhadas. “A  mensagem de Deus não pode ser algo chato, maçante”, justifica. Nesse  estilo, a líder religiosa cativou pessoas conhecidas, entre elas  ex-símbolos sexuais como Regininha Poltergeist, Marinara Costa ou  Georgiana Guinle. Com mais outras três subcelebridades convertidas, está  produzindo “Boladas”, um programa de debates para a tevê. Também  escreveu uma comédia teatral e planeja lançar até novelas. Tudo em nome  de Jesus.
Do debate, que será uma espécie de “Saia Justa” (programa feminino do  canal pago GNT) evangélico, já foram gravados pilotos discutindo temas  como drogas e sexo. “Essas coisas (drogas) acontecem pela falta de  Jesus”, conta Regina Oliveira, que na década de 80 povoava o imaginário  masculino como a sexy Regininha Poltergeist, estrela nua de várias capas  de revista. “Quanto ao sexo, é preciso ter cuidado, escolher a pessoa  certa, ou então vai se relacionar com meio mundo e, no final, se sentir  infeliz.” A pastora adianta que a pauta de discussões do programa  seguirá assim, sem limitações. “Podemos tratar de qualquer assunto,  desde que seja para passar valores de família, de vida”, explica  Priscila. “Aqui não discriminamos ninguém, talvez isso tenha atraído  essas mulheres para a igreja Bola de Neve.” A atriz Luciana Bessa  (ex-“Malhação”), que com as atrizes Roberta Foster e Giselle Policarpo  completa o grupo das seis “Boladas”, confirma essa impressão. “Não ouvi  broncas, apenas orientação. Antes encarava o sexo como algo casual, hoje  não.” Luciana é casada com um integrante da igreja.
A própria pastora já andou por caminhos tortuosos, digamos assim. Apesar  de seus pais seguirem a religião batista, também protestante, ela se  afastou dos cultos na adolescência. “Aos 15 anos fui para uma praia  paulista, onde surfava e fumava maconha”, diz. Seguiu os passos de seu  irmão, Rinaldo, que também gastou boa parte da adolescência surfando,  usando drogas e só voltou a praticar a religião após contrair hepatite.  “Meu irmão contou que teve uma experiência com Jesus. Eu dizia apenas:  ‘Que bom para você’”, recorda. Três anos depois, por um motivo prosaico,  foi a vez de Priscila se reconverter. Uma noite estava na praia, quando  uma amiga perdeu a chave do carro. Então, ela prometeu a Deus que, se  encontrassem a tal chave, se tornaria pastora. “Achei o chaveiro logo em  seguida. Então resolvi cumprir a promessa.” Foi estudar teologia e  pouco depois iniciou a parceria com o irmão, que havia criado a Bola de  Neve. É casada há dez anos com o pastor Gilson, também integrante da  igreja. O casal não tem filhos.
 Apesar de embalar a pregação com cores modernas e joviais, no conteúdo a  Bola de Neve não difere de outras denominações evangélicas. Defende o  temor a Deus sem contestação, critica ícones das religiões  afro-brasileiras e as práticas da Igreja Católica. A pastora refuta a  bebida e o cigarro, define o homossexualismo como um comportamento que  pode ser mudado caso a pessoa encontre Deus e desaconselha o sexo  casual. “O que dizemos é que a relação sexual deve acontecer depois do  casamento. Mas, se rolar, que seja com camisinha ou pílula  anticoncepcional”, afirma. A informalidade, no entanto, dá outro tom a  essas ideias tradicionais. Quando comenta sobre o comportamento daqueles  que resistem à conversão, ela mais uma vez usa a linguagem dos jovens.  “Quer continuar a ser um ‘manezão’? Não quer se transformar? Você é quem  sabe…”, ameaça. Tanto Priscila quanto seu marido, o pastor Gilson,  sabem que essa forma descontraída de falar combina com a linguagem da  tevê e dos palcos. Por isso, “Boladas” deve ter um ritmo bem mais  dinâmico do que os programas evangélicos tradicionais.
O próximo passo é montar em um teatro carioca uma comédia na qual  Roberta Foster, que aparecia seminua como a Eva do programa “Zorra  Total”, na Rede Globo, viverá o papel de… Eva. “Mas, dessa vez, será o  verdadeiro personagem bíblico”, diz a pastora Priscila. Ainda está por  vir um debate esportivo e um projeto de filme. Se depender do senso  midiático de sua líder religiosa, a Bola de Neve fará jus ao nome e  arrebanhará cada vez mais ovelhas.
 Em recente entrevista ao jornal carioca “Extra”, Regininha Poltergeist  causou polêmica ao afirmar que só poderá beijar na boca com a  autorização da pastora Priscila Mastrorosa. Dias depois foi revelado que  devido a entrevista, Regininha tomou um “puxão de orelha” da pastora  não pelo fato de ter gerado polêmica com a declaração, mas devido a  matéria ter uma foto da ex modelo usando um maiô de banho em uma piscina  particular.
Fonte: Isto É / Gospel+ 

















