O Livro de Eli – Denzel Washington, em entrevista, fala “a Bíblia é como uma arma”
Depois de interpretar um policial corrupto em “Dia de treinamento” e  um traficante de drogas em “O gângster”, Denzel Washington volta a  caminhar entre o bem e o mal em “O livro de Eli“, novo filme dos  irmãos Hughes, que estreia  nesta sexta (19) no Brasil.
 Na história, Washington interpreta um tipo solitário que está  disposto a tudo para proteger um livro sagrado que guarda segredos  supostamente capazes de salvar a humanidade em um cenário  pós-apocalíptico.
Cristão adepto da Church of God in Christ, popular igreja pentecostal  afro-americana, o ator conversou com  jornalistas em Los Angeles  sobre o filme, e o G1 participou da entrevista. Leia a seguir os  principais trechos.
Pergunta – O que te atraiu em “O livro de Eli”?
Denzel Washington – Meu filho gostava muito da história e acabou me  convencendo a fazer o filme. Era um bom roteiro. Não apenas mais um  filme de ação, “O livro de Eli” tem conteúdo, tem uma mensagem. É o bem  contra o mal. São vários fatores do mundo espiritual. ,E pensando bem,  ele me convenceu a fazer “Dia de treinamento” e “O gangster”, então acho  que acertamos 3 de 3 (risos).
Pergunta – No filme, a Bíblia é tratada ora como  uma ferramenta de ajuda à humanidade ora como uma ferramenta para se  ter mais poder. Como analisa esta mensagem?
 
Washington – Sabe, sei que isso vai soar estranho, mas a Bíblia é como  uma arma. Se ficar aí, em cima de uma mesa, nunca vai machucar ninguém. É  uma questão de como você vai usá-la. E isso não se aplica apenas à  Bíblia, mas também às palavras. Mas neste caso é interessante porque Eli  escuta essa voz que lhe diz para levar a mensagem da Bíblia pelo país,  por uma boa causa. Mas ele é o homem mais violento do filme. Quando ele  chega numa encruzilhada que o leva a esta cidade onde tem que lidar com  um homem cruel, ele precisa também lidar com sua própria humanidade.
Pergunta – Já o personagem de Gary Oldman, Carnegie, tem uma  outra visão da Bíblia.
 
Washington – Carnegie obviamente só está procurando uma maneira de  manipular a verdade. E nós conhecemos bem essa história, nem sequer  precisamos da Bíblia para isso, basta assistir à televisao. Cada lado  tentando convencer que tem razão e para isso vivem enchendo a sua cabeça  com  informação o dia todo. Por  isso, que para mim, Deus e estes ótimos livros são espiritualidade.  Religião é quando o homem se apodera de um deles e diz o meu está certo e  o seu errado. Mas assim é o  ser humano. É a nossa falha, uma falha fatal.
Pergunta – Você sabe citar a Bíblia?
 
Washington – Não sou tão bom assim para citar a Bíblia como sou para  parafraseá-la (risos). Mas estou aprendendo mais e mais. É a terceira  vez que faço a leitura da Bíblia, mas só leio um capítulo por dia, então  demora um tempão. Tenho também um livro de estudos   que antes de cada capítulo ajuda a entender o contexto, a época na qual  a história se passou.  Por exemplo, no caso do Novo Testamento, o livro explica o que estava  acontecendo em Roma, ou com Cesar etc. É muito bom.
Pergunta – O que aprendeu com essas leituras?
 
Washington – Antes das refeições a gente sempre abençoa e agracede pela  comida, fala uma prece e encerra com amém.  ‘Deus é amor’. Eu achava que ‘Deus é amor’ era uma só palavra, por ser  algo que você recita a toda hora, rapidamente, de maneira quase  automática. Aos poucos, durante estes anos, fui aprendendo a recitá-las  mais lentamente e percebi que são três palavras. Deus. É. Amor.  Independente de qual a sua religião ou livro que esteja lendo, acho que  esta é uma lição que ainda estamos aprendendo como pessoas, como raça.  Não significa que meu Deus é  amor, e o seu não. E aqui vou  parafraseando de novo (risos): ‘Faça aos outros o que gostaria que  fizessem a você’. Essa é a mensagem fundamental de todas as religiões,  mas, de alguma maneira, nós distorcemos isso.
Pergunta – O que motiva Eli é a sua fé. No seu caso, o que  mais te motiva?
 
Washington – Também a minha fé. E a minha familia. Tenho muito prazer em  ver meus filhos crescerem. E também o meu trabalho. Estou começando a  ensaiar para esta excelente peça americana, ‘Fences’, na Broadway, com a  atriz Viola Davis, e nem sequer durmo à noite só pensando e trabalhando  nisso. É de um vencedor do prêmio Pulitzer, escrita por August Wilson, e  foi encenada em 1987, rendendo um prêmio Tony ao James Earl Jones. Como  ator, gosto de desafios como esse e como o do filme ‘O livro de Eli’.
Trailer de O Livros de Eli
Fonte: G1 / HD News

















